Monet - Jardim Givernchy |
A ponte de Van Gogh –
Vinícius de Moraes
Itatiaia
O
lugar não importa: pode ser o Japão, a Holanda, a campina inglesa.
Mas
é absolutamente preciso que seja domingo.
O
azul do céu ecoa na esmeralda do rio
E
o rio reflete docemente as margens de relva verde-laranja
Dir-se-ia
que da mansão da esquerda voou o lençol virginal de miss
Para
ser no céu sem mancha a única nuvem.
A
calma é velha, de uma velhice sem pátina
As
cores são simples, ingênuas
A
estação é feliz: o guarda da ponte chegou a pintar
De
listas vermelhas o teto de sua casinhola.
E,
meu Deus, se não fossem esses diabinhos de pinheiros a fazer caretas
E
a pressa com que o homem da charrete vai:
-
A pressa de quem atravessou um vago perigo
Tudo
estivesse perfeito, e não me viesse esse medo tolo de a pequena ponte levadiça
Desabe
e se molhe o vestido preto de Cristina Georgina Rosseti
Que
vai de umbrela especialmente para ouvir a prédica do novo pastor da vila.
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