“Eis
que hoje estou pensado:
Valho
menos que qualquer.
Para
o que vá perdoando
Comprarei
E
levarei
Flores
a minha mulher.”
--Ishikana
Takuboku--
“É
manhã de Verão. Mas já as folhas
Da
figueira que seca se enferrujam
E
murmuram no vento
E
nos ramos que lhe tremem que lhes fujam.
Dormir
ou não dormir? Os fios elétricos,
Neles
cigarras cantam, vão pelo céu acima;
Murchas,
as folhas tremem e os ramos temem
O
fim que se aproxima.
Dormir
ou não dormir? Quieto e escuro o céu,
O
céu que os fios cortam,
Nuvens
cobrindo o sol com seu véu.
Cigarras
tão distantes a meus ouvidos.
E
os que eu amo – perdidos.”
“As
costas da mulher no espelho se espelhando
Brilho
macio de cera. Castanha, a cabeleira,
No
dorso seu tão liso luz de fosforescência.
Borla
de pó caída no lençol que, formando
Com
rugas de seu pano a carta marinheira
De
águas mediterrâneas, a Abril representa
Em
sua ausente essência.
E
o transe da mulher. Como cantava
Com
as linhas do corpo ruas de sua aldeia
E
a ladeira do porto e o vinho que espumava
E
a concertina
E
até a chuva sobre o polido corpo se passeia.
Pela
janela atira a borla. Da janela atirada
Lá
vai como flor que o sol espera
E
é luar mediterrâneo e perfume no ar a Primavera.”