A PUTA
Quero
conhecer a puta.
A
puta da cidade. A única.
A
fornecedora.
Na
Rua de Baixo
onde
é proibido passar.
Onde
o ar é vidro ardendo
e
labaredas torram a língua
de
quem disser: Eu quero
a
puta
quero
a puta quero a puta.
Ela
arreganha dentes largos
de
longe. Na mata do cabelo
se
abre toda, chupante
boca
de mina amanteigada
quente.
A puta quente.
É
preciso crescer
esta
noite a noite inteira sem parar
de
crescer e querer
a
puta que não sabe
o
gosto do desejo do menino
o
gosto menino
que
nem o menino
sabe,
e quer saber, querendo a puta.
A
triste polução foi adiada.
Por Carlos Drummond de Andrade
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