quinta-feira, 18 de abril de 2013

Beijos



"Um beijo"

Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!

Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto...

Olavo Bilac

Perdidos no caminho



"O Caminho da Vida"

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.

A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.

Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.

Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.

Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

(O Último discurso, do filme O Grande Ditador)
Charles Chaplin

sábado, 13 de abril de 2013

Mais uma bela Canção!


Fotografia Ariana Rosa
[Quem Sabe um Dia]

Quem Sabe um Dia
Quem sabe um dia
Quem sabe um seremos
Quem sabe um viveremos
Quem sabe um morreremos!

Quem é que
Quem é macho
Quem é fêmea
Quem é humano, apenas!

Sabe amar
Sabe de mim e de si
Sabe de nós
Sabe ser um!

Um dia
Um mês
Um ano
Um(a) vida!

Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois

Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois

Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois

Por Mario Quintana

---Amor é algo engraçado, amamos alguém que não tem nada haver, mas com o tempo percebemos que somos muito parecidos, talvez se fôssemos de uma mesma família não seríamos tão iguais. Sinto que você me faz tão bem, me compreende como ninguém, sei que tenho seu total apoio e acima de tudo, sinto e vejo seu amor por mim em cada gesto de carinho, em cada palavra. Oficialmente estamos completando 6 meses de casados, mas sabemos que somos felizes há muito mais tempo... e que venham muitos outros aniversários de pura alegria e cumplicidade. Te amo!!!---


Eu sei que vou te amar... Por toda a minha vida...

"Momento"

Monet - Jardim Givernchy

A ponte de Van Gogh – Vinícius de Moraes

Itatiaia
O lugar não importa: pode ser o Japão, a Holanda, a campina inglesa.
Mas é absolutamente preciso que seja domingo.

O azul do céu ecoa na esmeralda do rio
E o rio reflete docemente as margens de relva verde-laranja
Dir-se-ia que da mansão da esquerda voou o lençol virginal de miss
Para ser no céu sem mancha a única nuvem.
A calma é velha, de uma velhice sem pátina
As cores são simples, ingênuas
A estação é feliz: o guarda da ponte chegou a pintar
De listas vermelhas o teto de sua casinhola.
E, meu Deus, se não fossem esses diabinhos de pinheiros a fazer caretas
E a pressa com que o homem da charrete vai:
- A pressa de quem atravessou um vago perigo
Tudo estivesse perfeito, e não me viesse esse medo tolo de a pequena ponte levadiça
Desabe e se molhe o vestido preto de Cristina Georgina Rosseti
Que vai de umbrela especialmente para ouvir a prédica do novo pastor da vila.

Itatiaia, 1937.

Kiss me ♥♥



"Beijo eterno"

Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue. Acalma-o com teu beijo,
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!

Fora, repouse em paz
Dormindo em calmo sono a calma natureza,
Ou se debata, das tormentas presa,
Beija inda mais!
E, enquanto o brando calor
Sinto em meu peito de teu seio,
Nossas bocas febris se unam com o mesmo anseio,
Com o mesmo ardente amor!

...

Diz tua boca: "Vem!"
Inda mais! diz a minha, a soluçar... Exclama
Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
"Morde também!"
Ai! morde! que doce é a dor
Que me entra as carnes, e as tortura!
Beija mais! morde mais! que eu morra de ventura,
Morto por teu amor!

Quero um beijo sem fim,
Que dure a vida inteira e aplaque o meu desejo!
Ferve-me o sangue: acalma-o com teu beijo!
Beija-me assim!
O ouvido fecha ao rumor
Do mundo, e beija-me, querida!
Vive só para mim, só para a minha vida,
Só para o meu amor!

Por Castro Alves

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A verdadeira cegueira é a da alma

Trechos de Ensaio sobre a Cegueira de Saramago


“Pareceu ao médico que ouvia chorar, um som quase inaudível, como só pode ser o de umas lágrimas que vão deslizando lentamente até às comissuras da boca e aí se somem para recomeçarem o ciclo eterno das inexplicáveis dores e alegrias humanas”.

“Penso que não cegamos, penso que estamos cegos. Cegos que veem, cegos que vendo, não veem.”

“Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.”

“Cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança.”

“(...) Proclamava-se ali o fim do mundo, a salvação penitencial, a visão do sétimo dia, o advento do anjo, a colisão cósmica, a extinção do sol, o espírito da tribo, a seiva da mandrágora, o unguento do tigre, a virtude do signo, a disciplina do vento, o perfume da lua, a reivindicação da treva, o poder do esconjuro, a marca do calcanhar, a crucificação da rosa, a pureza da linfa, o sangue do gato preto, a dormência das sombras, a revolta das marés, a lógica antropofagia, a castração sem dor, a tatuagem dividida, a cegueira voluntária. O pensamento convexo, o plano, o vertical, o inclinado, o concentrado, o disperso, o fugido, a abração das cordas vocais, a morte da palavra.”

“Se antes de cada ato nosso, pudéssemos prever todas as consequências dele, e pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis... Não chegaríamos sequer a mover-nos porque o nosso primeiro pensamento nos teria feito parar!”

“É desta massa que somos feitos, metade de indiferença, e metade de ruindade.”

“O costume de cair endurece o corpo, ter chegado ao chão, só por si, já é um alívio, daqui não passarei.”


---Nesta obra José Saramago - um dos melhores autores do nosso tempo - mostra o que há de pior na natureza humana. Quando surgem as necessidades, nós deixamos de lado toda a nossa 'HUMANIDADE'. Mas acredito que estamos caminhando em direção à cegueira, não a física, mas à cegueira de relações verdadeiras e duradouras, nestes novo tempos tudo se torna passageiro e descartável. De fato estamos ficando cegos, e talvez esta cegueira seja a melhor maneira de nos defendermos e de esconder o que de fato nos tornamos, mas antes reconheçamos aqui a importância da esposa do médico, que traduz o que vê expresso na seguinte frase:

"se tu pudesses ver o que sou obrigada a ver, quererias estar cego"---


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Mentiras!


"Monólogo Mundo Moderno"

E vamos falar do mundo, mundo moderno
marco malévolo
mesclando mentiras
modificando maneiras
mascarando maracutaias
majestoso manicômio
meu monólogo mostra
mentiras, mazelas, misérias, massacres
miscigenação
morticínio, maior maldade mundial
madrugada, matuto magro, macrocéfalo
mastiga média morna
monta matumbo malhado
munindo machado, martelo
mochila murcha
margeia mata maior
manhazinha move moinho
moendo macaxeira
mandioca
meio-dia mata marreco
manjar melhorzinho
meia-noite mima mulherzinha mimosa
maria morena
momento maravilha
motivação mútoa
mas monocórdia mesmice
muitos migram
mastilentos
maltrapilhos
morarão modestamente
malocas metropolitanas
mocambos miseráveis
menos moral
menos mantimentos
mais menosprezo
metade morre
mundo maligno
misturando mendigos maltratados
menores metralhados
militares mandões
meretrizes marafonas
mocinhas, meras meninas,
mariposas
mortificando-se moralmente
modestas moças maculadas
mercenárias mulheres marcadas
mundo medíocre
milionários montam mansões magníficas
melhor mármore
mobília mirabolante
máxima megalomania
mordomo, mercedez, motorista, mãos
magnatas manobrando milhões
mas maioria morre minguando!
moradia meiágua, menos, marquise
mundo maluco
máquina mortífera
mundo moderno melhore
melhore mais
melhore muito
melhore mesmo
merecemos
maldito mundo moderno
mundinho merda!

Por Chico Anysio